Que linda é a democracia

22-04-2022 | 14:16 | | |

Que linda é a democracia

Escrito por Filipe Bastos

Segunda-feira comemora-se 48 anos do 25 de Abril. Curiosamente, o mesmo tempo (48 anos) que tinha durado a ‘Ditadura Militar’ do Estado Novo que os capitães de abril derrubaram não com tiros, mas com cravos.

Nos primeiros anos, a revolução levantou várias polémicas, porque havia várias formas de olhar para o futuro. Houve, até, um ‘verão quente’, forças populares, bombistas, etc. Vicissitudes várias mas, afinal, dentro dos parâmetros de uma - apesar de tudo - jovem democracia. Até porque, por muito que se procure, deve ser extremamente difícil encontrar um sistema melhor. Aliás, a esse propósito, já Winston Churchill, primeiro-ministro do Reino Unido, na Câmara dos Comuns, em 11 de novembro de 1947, disse que "a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todos os outros já experimentados ao longo da história". Ou seja, não adianta procurar. Interessa sim, ir dando passos no sentido de a melhorar, dia a dia, todos os dias, desiderato, afinal, por que todos os portugueses anseiam.

Não deixa, porém, de haver, ainda muitos desvios no propósito democrático. Exemplo: nem sempre a justiça consegue resolver questões que o cidadão comum entende que seria fácil de resolver. Ainda há quem entenda haver uma democracia para ricos e outra para pobres, quanto mais não seja porque, porventura, nunca se assistiu tanto como agora, ver os ricos a lutar não pela absolvição dos crimes (o que significava que os não tinham cometido...), mas sim pela sua prescrição (ou seja, sabem que os cometeram, mas não querem ser punidos por eles...). Sim, claro, está em tribunal um primeiro-ministro e o maior banqueiros do país. Sim, mas há quanto tempo? E o que será que lhes vai acontecer? Para já, passeiam-se a seu bel-prazer por esse mundo fora. Para já, não. Há anos. Mas também é este sistema que permite que Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, se tenha dirigido aos nossos deputados na Assembleia da República e tenha tomado como mote o nosso 25 de Abril para a sua alocução.

O mesmo 25 de Abril que, afinal, permite, agora, que o PCP deixasse as poucas cadeiras que já ocupa no Parlamento vazias, quando Zelensky falava. Que permite que o PCP, uma força política importante na construção desse 25 de abril, possa, agora, ao arrepio da grande maioria dos portugueses, justificar a invasão da Ucrânia! É isto a democracia. Mas sim, indiscutivelmente. Viva o 25 de Abril. Viva! 

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